As Ruínas

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É nas noites infindáveis em que a insónia se apodera de mim, que mais desespero por não estares ali ao lado a deixares que a tua calma natural sossegue minh'alma torturada e me embale num sono profundo, onde finalmente encontre paz.

Mil voltas na cama, um sono leve, acordo e continuas ausente. Não há lágrimas capazes de fazer jus às múltiplas definições que poderias usar para descrever aquilo em que me transformei, sem ti. Jamais ausência alguma me havia transtornado assim. Julgava eu já ter vivido tudo, e afinal não fazia a menor ideia do que era... O amor.

A cegueira induzida pela falsa sensação de omnisciência é capaz de deitar por terra os sonhos de qualquer homem, e os que se julgam imunes a tal fenómeno mais não vivem que uma ilusão, que cedo ou tarde, lhes aniquilará quaisquer possibilidades ambíguas de felicidade.

Sei que é tarde demais para voltar atrás. É tarde demais para quase tudo, até para viver. Também a vida é uma tempestade onde pequenos choques, a seu tempo, nos impulsionam na direcção correcta. O problema de alguns é não serem capazes de resistir a essa passagem contínua de electricidade, não são suficientemente resistentes e acabam por permitir que o presente, e o futuro, lhes sejam aniquilados de uma forma irreversível - impossibilitando-os de voltar a sorrir durante tempo suficiente para que possam embriagar-se numa ilusão da esperança que, não sendo real, os embale para um novo dia...

Já não tenho esperança, nem dias, nem vida que chegue para continuar a lutar. As pernas fraquejam e o coração empedernido já não bombeia o sangue com força suficiente para que os restantes órgãos funcionem de forma correcta.

Estou cansado, e o caminho é demasiado tortuoso. As pedras são demasiado afiadas e os pés, sangrentos, incapazes de trilhá-lo como dantes. Não foi por preguiça ou falha... Simplesmente aconteceu assim, não há que lamentar.

Thank you for everything, my darling.


2 comentários:

Maria do Sol disse...

Há qualquer coisa que me pica por dentro, o coração e alma sentem a ruína em que participei.
Perdoa-me filho, se puderes. Não soube endireitar o caminho, tirar-lhe as pedras para que tudo te fosse mais leve e menos penoso.
Não te soube ensinar a viver porque nem eu sei...

Nuno B. disse...

"Não foi por preguiça ou por falta de tentar... Simplesmente aconteceu assim, não há que lamentar."

Já te disse um milhão de vezes que a culpa não é tua, nem de ninguém. Não adiantam nada esses sentimentos de culpa, as coisas são como são e só temos que as aceitar, e ir vivendo, tentar carregar nas costas responsabilidades que não temos é um erro crasso, pára de fazer isso para teu bem, e de todos os que te rodeiam. ;)