No Rushes


(Imagem: Link)


Queria sangue. Espalmar as árvores, observar através do chão, as raízes de uma vida em queda livre, teimosamente suportada pelos ramos imaginários de amores passados, utopicamente presentes nos seus dias.

Cansados, já demasiado vítreos, incapazes de arrancar do asfalto mais do que o azedo negrume de todas as desilusões, os mesmos olhos que um dia foram capazes de ver além do horizonte, por hora mais não eram que o reflexo de todo o mal do universo, contidos na pequena caixa que, aquando da sua própria morte, descerá consigo até aos confins do mundo, flutuando através de um universo paralelo que converge céus e infernos, não divinos, apenas e só, (des)umanos.

Por fim rendido à insignificância da carne, compenetrado em pensamentos moribundos como o seu coração, eleva-se ao altar supremo das suas frustrações, e troçando de si próprio, munido de um sarcasmo atroz, ridiculariza-se perante um mar de risos que só ele próprio ouve, imaginando-os porventura, como os juízes supremos do único tribunal do mundo capaz de o julgar.

Reinos supremos aguardavam por si. Aprestam-se a pressioná-lo dia após dia, pois dizem, e passo a citar, "é tão vasto este mundo que aqui ninguém espera por ti, por mais que sejas aí, o mais perfeito epítome da pior espécie que a natureza ousou criar: o ser humano."

Apressar-se-à, não se empolguem! Só está à espera que a principal guerra saia de cena, pois em circunstância alguma seria capaz de trair e abandonar os seus. E é essa, a única falha subtractível de uma equação que engloba a soma de todos os males, contidos num pacote existencial que jamais deveria ter conhecido a luz do dia...



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