Disintegrating As It Goes

(Screaming my head off, by Northcumbria, deviantart.com)



No fundo, até o próprio respirar já é cansativo.
Pelos sucessivos choques psíquicos, pelo arrastar incessante de perpétuas tristezas, estados de alma moribundos que, no final, a mais não poderão aspirar senão à paz eterna.

A soma de todos os medos era, afinal, uma brincadeira de crianças. Quando pensava há uns anos atrás, sobre todas as coisas que de uma forma ou outra me atormentavam, ou pensava eu, me atormentariam no futuro, longe estava de imaginar o pesadelo em que viria a transformar-se a minha vida, anos mais tarde.

Afinal, que importância poderão ter a ambição de um futuro perfeito, um emprego de sonho ou uma família maravilhosa, quando todos os alicerces à nossa volta, passíveis de sustentar tais objectivos, vão ruindo vertiginosamente a nossos pés, sem que saibamos, ou sejamos capazes, de fazer o que quer que seja para o impedir?

Como eu gostava de conseguir transmitir de alguma forma aquilo que sinto. Toda a loucura que existe em mim, toda a escuridão da minha alma, tudo aquilo que não sou... Mas não consigo. Sinceramente, também não creio que alguém se fosse interessar por um assunto tão mórbido e insosso.

Li hoje numa revista, que uma tal Amy Winehouse, com 24 anos, planeou já com a sua mãe o seu próprio funeral, sendo que a progenitora teme mesmo que a dita não chegue sequer a viver até ao final deste ano, tal a decadência a que o vício das drogas e álcool a levaram.
Inacreditavelmente, tal notícia não me chocou minimamente. Antes, sorri, e pensei que alguém com uma idade tão tenra, a ter-se deixado morrer desta forma, não pode jamais ser considerado "um triste". Porque no fundo, essa pessoa já viveu um pouco de tudo, toda a loucura inerente a uma vida desregrada, não pode ser pior que viver até aos 70 na mais completa solidão, sem vícios mas também sem alegria nenhuma por estar vivo.

Mas eu não era assim... Há poucos anos atrás, eu teria reagido de uma forma completamente diferente, a uma notícia deste género. Pensaria, "grande idiota, com 24 anos tinhas uma vida inteira pela frente! Cheia de alegria e momentos mágicos, como foste tão estúpida a pontos de acabares com ela tão cedo?"...

A vida não é bela, meus amigos.
O amor mata, é nocivo à vida humana, à sua própria preservação.
O futuro é apenas uma miragem, como um oásis num deserto, apenas ao alcance das mentes sonhadoras que ousem arriscar a própria vida para o alcançar.


Death makes angels of us all, and gives us wings where we had shoulders smooth as ravens claws. [Jim Morrison]


3 comentários:

Joana O. Marques disse...

A vida não é bela, meus amigos.
O amor mata, é nocivo à vida humana, à sua própria preservação.
O futuro é apenas uma miragem, como um oásis num deserto, apenas ao alcance das mentes sonhadoras que ousem arriscar a própria vida para o alcançar.


Nao concordo com nada disto.. mas ta bem. *

Sílvia disse...

oh rapaz, ergue-te, homem.
=)

Anónimo disse...

Oh rapaz... como te compreendo :(
Sei que não serve de consolo nenhum, mas não és o único a quem a vida te suga lentamente as poucas coisas que te mantêm vivo..
Compreendo bem o que sentes..
Um abraço

nK