Memorial - Part I

(sadness, by sukub sonja, deviantart.com)



Faltou-me tudo.
De que me servem os vossos braços sobre os meus ombros, se em breve em pó eles estarão transformados?
É desse pó que se entranha nos meus pulmões que tenho vivido, afinal já vos abandonei há tanto tempo... Tanto que nem vos apercebestes, não sabíeis que eu me estava a ir, ao sabor do vento e das palavras que nunca foram ditas...
Na verdade, nunca fiz muito para que vos apercebesses desta realidade tão minha como de todos os que me lêem e tomam como suas também estas palavras...
A culpa não existe neste caso, não é de ninguém. Suponho que seja genética, esta certidão de óbito que passamos a nós próprios, a determinada altura. É impossível, por mais que tentemos, acordar do pesadelo em que sempre nos vimos envoltos, desde sempre, desde que temos consciência de sermos nós... Ou será que não somos nós?
Penso nisso muitas vezes, se serei eu que vivo assim aprisionado dentro da minha própria mente...
Chamar-me-ão louco, certamente. Mas... Quem sois vós para julgar a minha loucura? Não sereis também vós insanos, quando vos contentais com a insalubre mediocridade das vossas "vidas"?

Estou cansado... Sinto que o meu tempo está a chegar ao fim sem que nada nem ninguém o possa impedir... E choro por vós, que sem culpa vos culpais do inculpável... Queria que me entendesses uma vez só. E que fosses felizes, como eu nunca fui nem serei, quanto mais não fosse, "para dar o exemplo"...


I've been searching, for my wings some time... I'm gonna be born, Into soon the sky...

3 comentários:

Anónimo disse...

Porque me dói a alma e tenho os braços cansados do abraço por dar, porque já não sei como ajudar, porque os exemplos que dei não terão sido felizes, porque nunca soube escolher o melhor para ti, porque o meu afecto nunca pretendeu ser pó, porque não me apercebi da tua viajem, porque... porque... porque... me falta um fio condutor que me permita discernir e organizar qualquer coisa coerente para te dizer... agora sou eu que te peço que me ajudes a não me afundar contigo... ainda és a minha luz, não me deixes cega...

Sílvia disse...

Ja nao sei, ou talvez nunca tenha sabido, o que te dizer. Compreendo agora, e desde há dias, o porquê de actos à priori egoístas. A Filomena ensinou-me, com a sua morte, que jamais poderemos julgar ou condenar sentimentos dos outros. Sintas tu o que sentires, eu estou aqui.
um beijo

Anónimo disse...

Sonhei-te a chamar por mim...
Muito ao longe...lá ao fundo...
Soavas como um clarim!

E...Na cegeuira de te ver,
saltei muros,corri mundo!
Sonhei-te a chamar por mim!
Sonhei-te...Chamaste...Eu vim!

Sonhei...Um sonho infecundo...
Sonhei-te a chamar por mim!

Soul of Storms