Lítio

(damned, by KarateSchnitzel, deviantart.com)


Se ele pudesse, àquele sangue tão débil misturar um qualquer composto energético que o fizesse fluir de novo, viver de novo...

Como ele gostava, de sobre quem lhe sugou a vital essência descarregar toda aquela ira! Nunca antes havia gostado da palavra vingança, porém naquele caso tratava-se quase de um crime que deveria ser punido a qualquer custo... Se nada fez para o merecer, pensava, não deveria ser o alvo da chacota daqueles que, julgando-se a fina flor da societé, mais não eram senão o que de mais sujo e obsceno esta podia oferecer. E se o desprezo é por vezes o melhor antídoto para tais venenos, naquele caso o mesmo não se aplicava - e a tal vingança, que fervilhava dentro de si com a hipótese de ser liberta a qualquer momento - apresentava-se como sendo o desfecho final da história que se arrastava à tempo demais.

Como um velho manuscrito, perdido no tempo, do qual foi rasgada propositadamente a página principal, inutilizando-o... Era assim que se sentia em relação à sua própria vida. Sentia que jamais poderia ser, de novo, completo... E a sua sina, em boa verdade, era precisamente essa: saber que tinha de prosseguir em frente, ainda que a sua vontade não fosse, de todo, tal...

1 comentário:

Anónimo disse...

é tão bom ler no passado,afasta-nos por momentos do presente,e faz com que tudo nos pareça mais distante,irreal...
Bom domingo
ji
nhu
Soul of storms